noscript>

SIMConsult/NOTÍCIAS

Agronegócios

Mesmo na reta final, El Niño ainda preocupa produtores de soja e milho

28/03/2024 - 14:39 Por: Valor, Globo Rural

Com a possível volta do La Niña ainda neste ano, o clima se mantém como uma das principais preocupações do agronegócio brasileiro, setor que ainda se recupera das consequências do El Niño, fenômeno ativo desde o primeiro semestre de 2023.

“Não tivemos um Super El Niño, como muitas projeções apontavam, não chegou nem perto do que tivemos em 2016 de intensidade [aquecimento de 2.6 °C do Oceano Pacífico], mas os danos causados pelo fenômeno foram gigantescos, ainda piores do que o último”, analisa o meteorologista Marco Antônio, da Rural Clima, durante a 7° edição do Agri Week 2024, evento organizado pela Safras & Mercado.

Neste período, as altas de temperatura e ondas de calor, frequentes entre setembro de 2023 e março de 2024, prejudicaram diversas culturas, como soja, milho, café, cana-de-açúcar e hortaliças.

“O El Niño se aqueceu muito rápido e, agora, na mesma velocidade desse aquecimento, perde força. [Esse resfriamento] está tirando a pressão de chuvas do Sul do Brasil e colocando os corredores de umidade sobre a faixa central”, indica o meteorologista.

Desde o final de semana, a chuva que atinge partes de Rondônia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Pará e Matopiba tem dificultado o andamento da reta final da colheita da soja. Segundo Marco Antônio, alguns produtores já relatam perdas provocadas pelo excesso de umidade.

Por outro lado, no Paraguai e no Sul do país, principalmente em Mato Grosso do Sul e no Paraná, onde as chuvas perdem intensidade e regularidade, a preocupação é de quebra e redução do potencial produtivo de lavouras de milho.

“A tendência, para os próximos dias, devido às anomalias negativas na região costeira, é este cenário se manter. A chegada de uma frente fria deve permitir que as chuvas avancem, favorecendo as chuvas e a entrada de massa de ar polar”, prevê o meteorologista.

Por fim, sobre a chegada do La Niña, prevista para o início do inverno, Marco Antônio pondera: “Ainda não conseguimos cravar sua intensidade. Fazer previsões neste momento, durante a transição, aumenta os riscos de erros. Os fenômenos continuam em fase de desenvolvimento”.

A expectativa é que o próximo La Niña seja fraca ou moderada, mantendo o outono e inverno mais frio, com entradas frequentes de ar polar, ainda sem previsão de geadas, com tempo seco e temperaturas amenas na região central e chuvas concentradas no Sul do país.